ALETHEYA ALVES / CAMPO GRANDE NEWS
Foto: Paulo Francis
Depois de 20 anos fazendo tratamento com medicamentos tradicionais para ansiedade e depressão sem obter bons resultados, a designer Ana Lucia de Melo Pereira conheceu os efeitos do canabidiol enquanto seu gato usava o produto à base de maconha para lidar com a epilepsia. Notando que a opção havia gerado uma qualidade de vida para o pet, ela buscou orientação médica e também decidiu substituir seus remédios pelo produto.
Assim como a designer, Zico também passou por tratamentos com remédios de tarja preta, mas os resultados não foram conforme o esperado, de acordo com Ana. Contando sobre a história dos dois, ela resume que, apesar de medicamentos tradicionais serem funcionais para diversas pessoas, suas experiências pessoais e prescrições médicas os levaram para os caminhos do canabidiol.
Antes de chegar ao cenário atual, tanto o gato quanto Ana passaram por vários estágios em suas doenças. Primeiro da família a usar o canabidiol, Zico foi adotado quando tinha cerca de 6 meses e já havia sido diagnosticado com epilepsia.
“Quando ele veio para casa, precisamos aumentar as doses de Gardenal. Na época, ele tomava 20 gotas por dia e acabava passando a semana inteira dormindo. Eu tinha um gato sem vida ativa nenhuma e que chegava a ter duas crises por semana’, conta.
Ana relata que depois de algum tempo procurando por alternativas que oferecessem efeitos melhores, ela conheceu a associação Divina Flor. “Eu conhecia o Alexsander, que é um dos fundadores, há muito tempo, mas não sabia da associação. Conversei com ele e ele sugeriu de vermos sobre o tratamento com o Zico’.
Para começar o processo, a designer explica que foi necessário procurar por uma médica veterinária e verificar se o caso de Zico correspondia aos enquadrados nos tratamentos feitos com o canabidiol. “Fomos à veterinária e recebemos o laudo e prescrição para ele, em seguida entramos nos processos da associação’, diz.
De acordo com Ana, devido ao gato ter entrado na rotina das outras medicações, também foi necessário retirar os remédios aos poucos e fazer a substituição pelo canabidiol obtido através da associação. Tudo isso com acompanhamento da médica veterinária e dos outros profissionais da saúde que integram a Divina Flor.
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Sobre o momento de transição, a tutora detalha que, por não saber se a cannabis medicinal iria fazer efeito, uma das tensões era a possibilidade de Zico piorar.
Dá medo, você fica pensando se vai dar certo, mas foi muito eficaz para ele. Ele não deixou totalmente de ter crises, mas diminuiu a quantidade e agora tem uma vida com qualidade, não dorme o dia todo, explica.
Vendo que o medicamento passou a fazer efeito em Zico, Ana decidiu procurar novamente por médicos e verificar sobre sua própria saúde. Ela conta que por mais de 20 anos tomou remédios tradicionais para ansiedade e depressão, sem conseguir evoluir em seu quadro.
“Eu fazia os tratamentos com remédios fortíssimos e tinha muito efeito colateral. Acho super bacana quando as pessoas conseguem melhorar com esses remédios, mas para mim não funcionava’, diz.
Relembrando como era sua vida antes de receber a prescrição do canabidiol para tratamento do seu caso, Ana explica que chegou ao ponto de não conseguir trabalhar fora de casa devido às crises que tinha. “Eu não conseguia me manter no serviço e, conforme fui me afastando dele, me afastei de tudo. Não conseguia fazer nada, só tomava os remédios e dormia com ajuda deles. Hoje estou me recuperando, me adaptando e me sinto muito melhor’.
Hoje, tanto ela quanto Zico fazem acompanhamento médico e continuam integrando a associação. É através da Divina Flor que os dois conseguem adquirir o óleo por preços reduzidos e recebem os suportes necessários.
Prescrição médica
Especificamente sobre o uso medicinal da cannabis em pets atualmente, a médica veterinária Rosana Antunes Estrada detalha que há prescrições para alterações comportamentais (ansiedade e agressividade), doenças dermatológicas, doenças renais, dores crônicas (artrite e artroses), alterações neurológicas (sequelas de cinomose e processos degenerativos), neoplasias e outras aplicações.
“O organismo dos mamíferos possui o sistema endocanabinóide, cuja função é manter o equilíbrio do corpo. Quando, por algum motivo, ocorre a insuficiência desses neurotransmissores, isso pode ocasionar inflamações, degenerações, baixa imunidade, estresse, oxidativos que dão origem a várias doenças’, conta.
Assim como ocorre para humanos, a veterinária detalha que os pets também devem passar por avaliação médica para verificar se é necessário o uso do canabidiol. “O tutor deve levar seu pet a um profissional capacitado, onde passará por uma avaliação clínica detalhada e exames complementares’.
Caso seja concluído que o paciente pode ser beneficiado com a terapia, o profissional prescreve o tratamento e acompanha, com controles clínicos e periódicos, a vida do pet, de acordo com Rosana.
Em relação à legalidade do tratamento, a veterinária explica que houve a regulamentação com as PL 369/2021 e 399/2015 no Brasil. “Elas permitem o uso de produtos industrializados derivados de Cannabis Sativa desde que haja prescrição do médico veterinário habilitado’.
Devido ao tratamento ser indicado tanto para humanos quanto para pets, durante o debate sobre a cannabis medicinal que ocorreu em audiência pública na Câmara de Vereadores de Campo Grande, o médico psiquiatra Wilson da Silva Lessa Júnior defendeu que é necessário gerar discussões sobre os riscos e benefícios do uso medicinal.
Atualmente, para ter acesso ao medicamento, todos os pacientes precisam de laudo, prescrição médica, termo de responsabilidade e outros documentos.
Fonte: https://cannabismonitor.com.br/
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