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Longe de ser consenso entre a comunidade médica, tratamentos que envolvem o uso de cannabis medicinal costumam gerar polêmica. Mas você sabia que a pauta também faz parte dos debates veterinários? Isso porque, da mesma forma que os humanos, cães e gatos possuem sistema endocanabinoide, capaz de atenuar sintomas gerados por determinadas condições de saúde a partir do uso da erva.

Propriedades anti-inflamatórias, anticonvulsivantes e antidepressivas são os principais benefícios da erva. Entretanto, a prescrição ainda não é regulamentada no país.

POR IZABEL GIMENEZ

Longe de ser consenso entre a comunidade médica, tratamentos que envolvem o uso de cannabis medicinal costumam gerar polêmica. Mas você sabia que a pauta também faz parte dos debates veterinários? Isso porque, da mesma forma que os humanos, cães e gatos possuem sistema endocanabinoide, capaz de atenuar sintomas gerados por determinadas condições de saúde a partir do uso da erva.

Como explica Erika Zanoni, médica-veterinária doutora em zoologia e neurociência, ele é responsável pela comunicação entre os neurônios e outras células do sistema nervoso central, assim como entre tecidos e órgãos periféricos. “Ele está envolvido no controle das funções nervosas, metabólicas, cardiovasculares, digestivas, reprodutivas e imunes há centenas de milhões de anos.”

Atualmente, o óleo medicinal é usado para o controle da dor, questões gastrointestinais, problemas crônicos de pele, desordens neurológicas, em transtornos mentais, na imunomodulação e na oncologia. Alguns especialistas acreditam que o produto é capaz de prevenir o aparecimento de alguns cânceres e disfunção cognitiva em idosos humanos, por exemplo, o Alzheimer.

O mercado está preparado?
Sempre atento às tendências, o mercado pet já oferta uma quantidade significativa de produtos derivados da planta. Um novo estudo elaborado pela Kaya Mind analisou 123 marcas provenientes de 12 países, entre eles, Canadá, Estados Unidos, Colômbia, Peru, Uruguai, Brasil, Suíça, Espanha, Portugal, Reino Unido e Austrália, para entender um pouco mais do cenário canábico.

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Foram detectados, ao todo, cerca de 230 itens à base de cannabis, que poderiam ser consumidos por animais, disponíveis à venda em quatro dos doze países pesquisados — Estados Unidos, Canadá, Suíça e Holanda, onde o uso medicinal da erva já é legalizado. Apesar de não existir uma regulamentação padrão entre as localidades — sobre dosagem, origem e componentes —, grande parte dos medicamentos possuem algo em comum, o cânhamo.

Ainda que faça parte da espécie Cannabis sativa, tal qual a maconha, seu teor de THC, a substância psicoativa, é mais baixo. Na maioria dos fármacos analisados durante o estudo, o valor variava entre 0,2% a 2% de THC, a depender das regras do país. Por outro lado, a quantidade de canabidiol (CNB), molécula quimicamente ativa responsável pelos benefícios, era alta.

Erika conta que o tratamento com CNB é considerado promissor para os bichos, principalmente por não apresentar tantos efeitos colaterais. “O canabidiol possui diversas propriedades medicinais, por exemplo, a de antioxidante, anti-inflamatória, anticonvulsivante, imunossupressora, antidepressivo, anticancerígeno, fora a ação neuroprotetora e analgésica”, explica.

Todos os bichos podem realizar o tratamento?
Apesar de a lista de pontos positivos ser grande, é preciso ter cuidado. Tal como qualquer outro remédio, a prescrição de medicamentos com cannabis deve ser realizada com cautela. Lucas Mascarenhas, que faz parte da Associação Goiana de Apoio e Pesquisa à Cannabis Medicinal, conta que praticamente todas as espécies de animais vertebrados podem se beneficiar do tratamento com os fitocanabinoides, seja ele um gato, um cachorro, um coelho ou até mesmo um pássaro.

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“Mas não é todo animal que chega ao nosso consultório que está apto a receber esse medicamento. É preciso considerar as particularidades anatômicas e fisiológicas de cada espécie para adaptar a terapia para cada paciente. Bichos com cardiopatias, hepatopatias graves e doenças renais devem receber uma atenção redobrada durante o tratamento”, afirma o médico-veterinário.

“Precisamos de exames atualizados sobre a parte renal e hepática do paciente. Os efeitos neurológicos e de intoxicação do THC já estão sendo mapeados na medicina veterinária. Existem certas dosagens que podem gerar danos aos pets, por isso, modelamos as doses de acordo com cada animal, considerando os estudos da farmacologia e farmacodinâmica, para evitar efeitos colaterais do medicamento”, orienta Maíra Rezende, médica-veterinária do Ambulatório de Dor e Cuidados Paliativos da FMVZ-USP.

O que diz a lei?
No Brasil, há outro ponto a ser considerado: o uso medicinal do CNB ainda não é regulamentado pelos órgãos responsáveis. A previsão é que o processo seja facilitado em breve, uma vez que a PL 369/2021, que autoriza o uso veterinário desses produtos, já foi aprovada na Câmara dos Deputados e encaminhada para o Congresso. Os especialistas acreditam que o tema deve ser debatido depois das eleições, provavelmente no próximo ano.

“Para que a gente possa prescrever de forma legal fármacos canábicos, eles devem ser registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). É como as vacinas da Covid-19 — cada uma delas precisou passar pelo registro e aprovação na ANVISA antes de ser aplicada em brasileiros”, afirma Maíra.

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O pedido de fiscalização para o MAPA já foi solicitado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária. De acordo com Fábio Mercante, médico veterinário pós-graduado em medicina cannabica, o CFMV e outros profissionais da área já tentaram apresentar o pedido de fiscalização, entretanto, a resposta padrão traz um embate.

“Eles dizem que não são os responsáveis pela autorização, entretanto, quando acionamos a ANVISA, recebemos a mesma informação. Ou seja, ficamos em um limbo sem saber direito como agir. Seguimos a legislação humana para tentar atuar o mais próximo possível do que nos é orientado”, reclama Fábio. No Brasil, as associações canábicas, hoje, são a única forma de acesso de pacientes animais ao tratamento com a cannabis medicinal. Essas instituições atuam em ações políticas e sociais, oferecem assessoria jurídica, desenvolvem pesquisas e lutam por acessibilidade.

“Com o diagnóstico do pet que justifique o uso de canabinoides no tratamento e a receita, ambas assinadas por um médico-veterinário da área, o tutor pode se inscrever como associado e iniciar o tratamento do peludo”, informa Lucas.

Fonte: https://revistacasaejardim.globo.com

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